quarta-feira, 7 de maio de 2008

TRISTEZA D'ALÉM MAR...

"Tristeza não tem fim...
Felicidade sim..."


O poeta Vinícius de Moraes escreveu estes versos. Não se inspirava no seu Botafogo, que na época andava por cima no futebol. Eram os anos 60 e no seu time jogaram alguns dos maiores gênios do futebol brasileiro de todos os tempos. O futebol não inspirava o botafoguense Vinícius...


Nestes últimos tempos no entanto, vinha sendo o futebol a única inspiração para eu escrever no blog, era o que me fazia sentir mais conectado aos acontecimentos do Brasil, além da família e os amigos. Hoje, juntando o futebol com algumas coisas que estão acontecendo comigo, aumentou demais a minha saudade de casa, da minha mãe e dos meus amigos... Talvez fosse mais sofrido ter ido ao Maracanã hoje, ver o vexame do Flamengo. Com ares de novela mexiacana, o Flamengo perdeu...

"Eu tiro o domingo para descansar
Mas não descansei, que louco fui eu
Regressei do futebol
Todo queimado de sol
O Flamengo perdeu
Pro Botafogo
Amanhã vou trabalhar
E o patrão que é vascaíno
E de mim vai zombar

Foram noventa minutos
Que eu sofri como um louco até ficar rouco
Obina passa a Tardelli
Tardelli passa a Obina
Que preparou prá chutar
Aí o juiz apitou
O tempo regulamentar"

O Flamengo já inspirou alguns versos e foi paixão de artistas geniais de nossa música. Para citar alguns, Ary Barroso, João Nogueira, Jorge Ben (antes de ser "Benjor")... E mesmo os não rubro negros reconhecem a grandeza do Mengo: foi um tricolor, Nelson Rodrigues que melhor definiu o espírito do Flamengo: na derrota, sangramos como um César apunhalado, ou ainda, "a baba elástica e bovina e o olho rútilo do crioulo sem dentes gritando: Mengo!"... Sim, o Flamengo inspira amores enlouquecidos e ódios furiosos, acima de tudo a paixão pelo Flamengo afeta mesmo aqueles que não são Flamengo...

"Quando você gritou 'Mengo'
No segundo gol do Zico
Tirei sem pensar o cinto
E bati sem cansar
Três anos vivendo juntos
E eu sempre disse contente:
Minha preta é uma rainha
Porque não teme o batente
Se garante na cozinha
E ainda é Vasco doente

Daquele gol até hoje
O meu rádio está desligado
Como se irradiasse a tristeza de um gol anulado
Eu aprendi que a alegria
De quem está apaixonado
É como a falsa euforia
De um gol anulado"

Essa foi escrita por um vascaíno, Aldir Blanc, mas é a prova mais perfeita de que mesmo aqueles que não são Flamengo, estão sempre sendo afetados pela sua presença...

Hoje estou triste, muito triste. Não apenas porque o Flamengo perdeu.

Apenas porque estou triste e o Flamengo, que perdeu, me deixou um pouco mais triste.

O Flamengo é uma das minhas paixões, junto com o meu trabalho, que é tentar fazer antropologia. E como diz a música, a alegria de quem está apaixonado é sempre como a falsa euforia de um gol anulado...

Abraços

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